Teatro do
Absurdo 4
Alice preocupada com os 3 homens de MartiNÓpolis, joga cartas de Tarô para ver a hora que
Portinari vai baixar no Museu em Brodoski
Alice - Meu
Zeus! vocês não podem ficar o tempo todo nessa baboseira de disco voador, vento
prá lá, vento prá cá. Enquanto vocês não se decidirem a seguir viagem, não chegaremos em Brodoski.
Não foi isso que combinamos?
(Alice senta, pega
o baralho e começa a jogar as cartas)
Muito bem, estou vendo aqui, isso mesmo, confirma. Portinari
vai baixar às 23h. Se não chegarmos a tempo, deixa eu ver aqui: 9 9 3, o que
significa isso?
9 9 3 (se dirigindo a platéia) vocês poderiam me dizer o
significado de 993?
(alguém da plateia responde:) -
só pode ser novecentos e noventa e três
Alice - tá
vendo seus bobões, se a gente perder a chegada de Portinari no Museu hoje, só
daqui a novecentos e noventa e três anos, que ele vai baixar de novo. Vamos
deixar discussão e vamos embora!
(Alice sai de cena
e os 3 homens a acompanham)
Hermínia, mãe de Clarice, anda de um lado a outro do palco,
apavorada porque Clarice não come mais nada, a não ser livros.
Hermínia - Essa
menina vai me enlouquecer, não almoça, não lancha, não janta, só quer saber
que comer livros. (grita); Clarice!
de algum lugar Clarice
responde:
- que é minha mãe, a senhora quer fazer o favor de me deixar
em paz para continuar a comer meu livro!
Hermínia -
Clarice, você já almoçou ou fez um lanche pelo menos? Não pode ficar o dia
inteiro sem comer nada. Você sabe que pode comer tudo, só não pode comer
alimentos que contenham glúten.
Clarice - Pois é
mãe, livros não têm!
Hermínia - daqui
a pouco você adoece e aí?
Clarice - E aí o
quê?
Hermínia - e aí,
que eu desempregada sem salário, num sufoco que só Deus sabe. Nem farmácia
popular temos mais, o golpista acabou com todos os programas sociais. Como eu
vou me virar com você doente? Eu morro.
Teatro
MultiLinguagens
EuGênio é um profundo conhecedor da poesia de Paulo Leminski.
Vendo Alice aflita entrando em cena, ele
se lembra do poema que Leminski escreveu para Alice Ruiz e recita.
Ali
se Alice ali se visse
quando Alice viu e não disse
se ali Alice dissesse
quanta palavra veio e nãos desce
Ali
bem Ali dentro da Alice
só Alice com Alice
a li se parece
(Alice fica estática, admirando EuGênio recitando o poema. Quando ele termina, ela toma um
susto como se estivesse saído do transe e começa a falar para os 3 homens)
A Invasão Cibernética em MartiNÓpolis
Jardinópolis é uma cidade no interior do Estado de São Paulo, riquíssima em acontecimentos inusitados, Marte um planeta do sistema solar que instiga os humanos a decifrá-lo. Unindo as duas palavras surge MartiNÓpolis, uma cidade ficção, onde os homens estão preocupados com o deslocamento de um disco-voador provocado pelo vento.
A invasão cibernética, no caso, se dá pela busca intensa do
conhecimento, do saber, que é o que move os personagens desse Teatro Absurdo.
Daí os personagens invadem MartiNÓPolis numa procura incessante pela informação
mais que perfeita dos acontecimentos.
Fulinaíma MultiProjetos
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