domingo, 12 de fevereiro de 2023

múltiplas poéticas

 
a marcação no perfil está cerrada
me sinto cercada por um sistema
falso moralista imbecil e tolo
a TFP está de volta com suas garras
medievais apontadas para todos nós
que temos coragem de rasgar nos panos

o instante em tua coisa já

esta noite
vou roubar tua boca
e falar por entre
teus dentes e língua
me apossar do teu silêncio
da tua alma
do teu corpo
antes do amanhecer
já te terei em mim
em cada músculo
ainda vivo
em cada poro
entre teus pelos
minha língua
os meus dentes
minhas unhas
nada ficará em teu corpo
que não seja eu
em cada coisa que o instante é
eu quero estar em tua coisa já


Federika Lispector

https://www.facebook.com/giginua/




Se eu soubesse o endereço

da estrada que atravesso
marcaria outro começo
no final da madrugada
vestiria um linho branco
numa calça engomada
e beberia um vinho tinto
na boca da namorada


melancolia
não sei o que é isso
se todos os cães são azuis
deve ser loucura mesmo
negro blues
rolando agora

Artur Gomes

o poeta enquanto coisa

www.secretasjuras.blogspot.com


 ainda existe uma mulher

que me distorce o crâneo
me disseca me atraca
quando chego ao cais
com esse barco em movimento
corpo nu pegando fogo
essa carcaça de lâminas e ossos
um mulher que me estica o plumo
me deixa arame farpado
a ponto de me sangrar os dedos

Avis Rara

nem sei se quero tanto
as vezes andorinha
outras vezes quero quero
não sei se sabiá não sei
se bem-te-vi
as vezes até rolinha
é natural ser juriti

Rúbia Querubim
https://www.facebook.com/rubiaquerubim/

Poética 57

toda vez que escrevo
é nela que penso
tranquilo ou tenso
a palavra cria direção
para o sol ou vento
para o mar ou terra
ou mesmo ao infinito
silêncio ou grito
palavra liberdade
enxada foice faca facão
poema fogo
nesse corpo brasa
águia nas montanhas
admirando o chão

Artur Fulinaíma

www.arturkabrunco.blogspot.com

Tropicalirismo

girassóis pousando
NU - teu corpo festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva
de saliva doce

Artur Gomes

Suor & Cio – 1985

www.suorecio.blogspot.com

ando
tão tenso
nesse tempo
estático

Zeus me livre

Zeus me livre
dessa trágica comédia brasiliense
prefiro o nonsense - a patafísica
o teatro do absurdo de Ionesco, Arrabal
Fando e Liz, A Cantora Careca
As Cadeiras, A lição, Rinoceronte

As Mortes do Tanussi
me removem cicatrizes
como dias mais felizes¿
se Belo Horizonte chora
a morte de 56 mineiros
e o Espírito Santo também chora
os corpos soterrados pela lama
essa tragédia social

os 270 mortos em Brumadinho
mostram que no brazyl
há muita lama no meio do caminho

Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
portalfulinaima@gmail.com
(22)99815-1268 - whatsapp 

todo sábado
me esqueço
me entorto
desconcerto
amanheço


psicanalítica



psicanalítica

freudeliricamente
meu coração fellini
tem estado bergman
por desejar branquinha
em seu estado avesso

Federico Baudelaire

https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/

lady gumes



estiquei os olhos na cama melancias pela janela abóboras no travesseiro debaixo dos lençóis a carne o corpo em estado de mergulho. os dedos mexiam silenciosos na garganta do lamparão. morre lamparão mas lamparão não morre. kabrunco sobrevive a tudo. pensei então ficção mas era loucura mesmo.

Lady Gumes
https://www.facebook.com/ladygumes/?fref=ts

só acredito



eu só acredito na mocidade independente e com ela estou com a faca entre os dentes não acredito em deputados não acredito em prefeitos não acredito em senadores não acredito em governantes não acredito em presidentes. Mas acredito em minha cama de sonhar!

domingo, 5 de fevereiro de 2023

EuGênio Mallarmè

 

EuGênio

 

eu sou menino eu sou menina

e não venham me dizer

que lança perfume é parafina

diversidade de gêneros

podes crer – não me alucina

 

eu nasci da minha mãe

que se chama Severina

lá dos sertões do nordeste

nor/destino nor/destina

como o sal do Maranhão

bumba-meu-boi não desafina

conterrâneo do Torquato

eu nasci  em Teresina

 

                              EuGênio Mallarmè

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

página no face https://www.facebook.com/EuGenioGumes





Jura Secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia

  


Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia – Memória e Resistência – Uma Trajetória Multilinguagens

 No longo bate papo semana passada com a minha querida amiga, Jailza Mota, no Museu Histórico de Campos, para o seu TCC de Licenciatura em Teatro no IFF, alguns detalhes dessa trajetória, que até então me passavam despercebidos, vieram a tona.

 Em 1977 no texto de Orávio de Campos Soares,  para o livro Além da Mesa Posta, ele profetiza, que minha poesia, até então, simbolista e existencialista, dos dois livros anteriores: Um Instante No Meu Cérebro e Mutações Em Pré-Juízo, iria desaguar com o foco no social.

 Jailza Mota observa que, o próprio título Além da Mesa Posta, mesmo que o seu conteúdo, não seja de poesia com foco no social, nos dá margem para pensar muito além da “Santa Ceia, mas em todas as “mesas postas” nos lares de todas as famílias dos desprivilegiados por esta país afora.

 Pois bem, em 1978 dois escrevo dois poemas onde o social estão explícitos em suas temáticas: Canta Cidade Canta, vencedor do Festival de Poesia, promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de Campos e Jesus Cristo Cortador de Cana, publicado em livreto de cordel.

 No mesmo ando de 1978, um Grupo de Teatro ligado ao convento dos Padres Redentoristas, cria uma encenação com o poema Jesus Cristo Cortador de Cana, com a intenção de encená-lo na ETFC, mas é censurado pela direção da Escola.

 Mas em 1989, ele sobe ao palco do Teatro de Bolso, interpretado por Eugênio Soares, na montagem que dirigi com 9 estudantes da Escola de Serviço Social da UFF, para a tese de conclusão do curso, refletindo sobre a vida das mulheres dos cortadores de cana, e trabalhadores da antiga e extinta Usina de Outeiro.

 

Leia mais no blog https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

O fauno e a flauta

O fauno e a flauta para Daniela Pace pela imagem musa   o fauno lê Baudelaire do outro lado da trama enquanto dorme a donzela com u...