quinta-feira, 16 de março de 2023

Geleia Geral - Rádio Caiana

 

Hoje às 20h

Geleia Geral

Rádio Caiana

www.radiocaiana.com.br

 

Gravamos ontem com Paulo André Netto Barbosa o primeiro Geleia Geral com participação especialíssima da minha querida amiga parceira Marcella Roza cantando à capela Vapor Barato (Jards Macalé/Wally Salomão).

Além de uma seleta musical com meus parceiros Paulo Celso Ciranda Reubes Pess Otávio Cabral Naiman e Luiz Ribeiro e duas faixas com poesia e som instrumental de Fil Buc fluiu ainda um breve bate papo focado na minha trajetória desses 50 anos de poesia. Esse programa de estreia vai ao Ar hoje às 20h.


terça-feira, 14 de março de 2023

múltiplas poéticas

a carne da palavra
: POESIA

l a v r a q u e s o l e t r o
todo Dia


assombradado
para Uilcon Pereira in Memória

agora que o mar ficou para trás

retorno a estrada de volta para a ilha
onde cavei essa trilha de feiticeiro aprendiz
cheirando as flores do mal
por entre as coxas que eu quis
quando enterrei meu livro na areia
tinha o teu nome secreto
com conchinhas e miçangas nos caracóis do templo
gótico era teu olho com maquiagem de bruxa
voando sobre brasília
sagaranagem no tempo


boi morto
para Martinho Santafé e Manuel Bandeira in Memória

a lua elétrica passeia
sobre os fios de cabelos
da minha cabeça
e ante que me esqueça te digo:
- um pássaro bêbado voa
à procura do boi morto
no pasto deserto
a fonte radioativa - agrotóxica
devasta o pouco que restou
da ácida tempestade.

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



Mar que as vezes vem
mar que as vezes vai
Mar quando vem
me entra e fica
e quando vai
de dentro de mim não sai

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


jura secreta 105
para o Mar que mora em mim

o enigma não está propriamente
na meta física da metáfora
mar de carne e osso
se eu não falasse ou não dissesse
esse relógio trágico
com seus ponteiros mágicos
arrastando segundo por segundo
tudo o que não passa tudo o que não cessa
o fluxo em tua boca de vênus - minhas unhas
só o céu é testemunha
desse instante único
em que passeio em tua pele
como uma flor de lótus
flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor
ou faca fosse mar de tanta espuma
com minha língua de espera
vou te mergulhar

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


tenho apenas
esse punhal de prata
e a lua já não é mais cheia
a poesia sempre na veia
e aquele beijo guardado
que ainda não foi roubado
na noite da santa ceia

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


na pele da memória para saudar 2016

o mar
me levou a última quimera
o movimento dos barcos
ondas sempre morrem no cais
nem sei se quero mais tanta procura
daquilo que não tenho
se nos olhos ainda tenho flores de dezembro
daquela manhã ainda me lembro
adele tinha a pele branca
como uma bruma de vênus
em tuas costas uma palavra indígena:
Bertioga
a tua língua macia me trazia o gozo
e nunca fora de menos
com a boca de água e sal me lambia
depois dos beijos molhados
nos lençóis de areia
e não era mais lua cheia
quando acordamos dentro.


 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


fulinaímica

 

Fulinaímica


não sei se escrevo tanto
não sei se escrevo tenso
um fio elétrico suspenso
com tanta coisa no Ar
não sei se olho em teu olho
pra encontrar a entrada
da porta da tua casa
onde a palavra estiver
não sei se pinto um Van Gog
ou se escrevo um Baudelaire

 

Artur Gomes

imagem: José César Castro

www.fulinaimagens.blogspot.com

outubro ou nada

 

outubro ou nada


nesses dois olhos discretos
há um poema concreto
simbolista
quase secreto
agulha na minha vista
sangue profano na veia

sangue profano na veia
nesses dois olhos discretos
simbolistas
quase secretos
como um poema concreto
no prato da santa ceia

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com

voyerismo

Voyerismo


Te Olho
Me Molho


Leila Miccolis


federika lispector

 

não me terás mar
mais como antes de ontem
de frente o front
tranquei a porta de entrada
arranquei a de saída
o sangue ainda escorre na camisa
paixão é uma ferida aberta
e nunca cicatriza

Federika Lispector

gigi mocidade

 

estou assim

 feito sol e lua
meio vestida e nua
como posso estar
como posso ser
pelo prazer de florescer
e por poder iluminar

Gigi Mocidade

www.porradalirica.blogspot.com


sábado, 4 de março de 2023

Teatro do Absurdo

 


Teatro do Absurdo

 

O quarteto da hipotenusa

versus o quadrado do quarteto

da hipotenusa a musa do quadrado

fosse apenas o retrato na fotografia

mas não sendo hipotenusa

somente musa algaravia

uma palavra mais que estrada

sendo musa multi-via

me levou nessa jornada

para fora da Bahia

todos os santos mar aberto

no abismo a fantasia

de querer mus entretanto

muito mais que poesia 


e ela vai pintando

 o homem com a flor na boca

com seus pincéis de aquarela

poema que só é possível

pelas lentes dos olhos dela

 

na balada ou no bolero

nossas letras se entrelaçaram

pele corpo carne sangue pelos

poros entre tintas entre tantos

anos que  foram pintados

sobre papéis de cartas em fogo

sob o sol  chuva verão inverno

quando qualquer das estações

é primavera

 

e ela era uma estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco

e desenhou imagens em Brazilírica Pereira : A Traição das Metáforas 


Artur Gomes 

O Homem Com A Flor Na Boca 

https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/


 

O Auto do Boi Macutraia

 

por onde andará

Macunaíma

tá no rabo da sereia

tá no rabo da arraia

já passou por Gargaú

tomou pinga em Bracutaia

?

não  

 

Joilson Bessa  já me disse

Kapi do céu já ensaia

 Macunaíma  vem dançando

na farra do boi Macutraia

 

levanta meu boi levanta

que é hora de viajar

acorda boi povo todo

povo e boi tem de lutar

 

olha o rabo do boi é boi

a barriga do boi é boi

olha o chifre do boi é boi

e o couro do boi é boi

 

o meu boi é valente é boi

já chifrou o tenente é boi

é um boi de mercado é boi

e também o delegado é boi


e lá vem Toninho Xita

todos vestido de rosário

vai cantar mais  samba-enredo

pra enriquecer o relicário

 

ê meu boi brasileiro ê boi

pintadinho sem dinheiro ê boi

ê meu boi alazão ê boi

que chifrou o capetão ê boi

 

o meu boi é kabrunco é boi

o meu boi garrutio é boi

o meu boi lamparão ê boi

pra encantar a multidão é boi


o meu boi é jaguar é boi

mãe maria vem cantar vem boi

e meu boi sapatão ê boi

vem também pai joão vem boi

 

o meu boi julivete é boi

já comeu a micheque ê boi

e meu boi operário é boi

já chifrou salafrário ê boi 


o meu boi é cigano é boi

o meu boi é baiano é boi

é também pernambucano é boi

tá  no canto da sereia é boi

tá no rabo da arraia é boi

é um boi carnavalhado é boi

veste calça e veste saia é boi

eita boi da macutraia ê boi


o meu boi jaburu é boi

enfrentou o bangu ê boi

desfilou no ururau ê boi

e ganhou carnaval é boi 


esse boi sem segredo ê boi

esse boi não tem medo ê boi

se um dia passa fome ê boi

noutro dia nós vira samba-enredo

 

Artur Gomes

www.arturkabrunco.blogspot.com


O fauno e a flauta

O fauno e a flauta para Daniela Pace pela imagem musa   o fauno lê Baudelaire do outro lado da trama enquanto dorme a donzela com u...