terça-feira, 14 de março de 2023

múltiplas poéticas

a carne da palavra
: POESIA

l a v r a q u e s o l e t r o
todo Dia


assombradado
para Uilcon Pereira in Memória

agora que o mar ficou para trás

retorno a estrada de volta para a ilha
onde cavei essa trilha de feiticeiro aprendiz
cheirando as flores do mal
por entre as coxas que eu quis
quando enterrei meu livro na areia
tinha o teu nome secreto
com conchinhas e miçangas nos caracóis do templo
gótico era teu olho com maquiagem de bruxa
voando sobre brasília
sagaranagem no tempo


boi morto
para Martinho Santafé e Manuel Bandeira in Memória

a lua elétrica passeia
sobre os fios de cabelos
da minha cabeça
e ante que me esqueça te digo:
- um pássaro bêbado voa
à procura do boi morto
no pasto deserto
a fonte radioativa - agrotóxica
devasta o pouco que restou
da ácida tempestade.

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com



Mar que as vezes vem
mar que as vezes vai
Mar quando vem
me entra e fica
e quando vai
de dentro de mim não sai

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


jura secreta 105
para o Mar que mora em mim

o enigma não está propriamente
na meta física da metáfora
mar de carne e osso
se eu não falasse ou não dissesse
esse relógio trágico
com seus ponteiros mágicos
arrastando segundo por segundo
tudo o que não passa tudo o que não cessa
o fluxo em tua boca de vênus - minhas unhas
só o céu é testemunha
desse instante único
em que passeio em tua pele
como uma flor de lótus
flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor
ou faca fosse mar de tanta espuma
com minha língua de espera
vou te mergulhar

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


tenho apenas
esse punhal de prata
e a lua já não é mais cheia
a poesia sempre na veia
e aquele beijo guardado
que ainda não foi roubado
na noite da santa ceia

 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


na pele da memória para saudar 2016

o mar
me levou a última quimera
o movimento dos barcos
ondas sempre morrem no cais
nem sei se quero mais tanta procura
daquilo que não tenho
se nos olhos ainda tenho flores de dezembro
daquela manhã ainda me lembro
adele tinha a pele branca
como uma bruma de vênus
em tuas costas uma palavra indígena:
Bertioga
a tua língua macia me trazia o gozo
e nunca fora de menos
com a boca de água e sal me lambia
depois dos beijos molhados
nos lençóis de areia
e não era mais lua cheia
quando acordamos dentro.


 

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário

O fauno e a flauta

O fauno e a flauta para Daniela Pace pela imagem musa   o fauno lê Baudelaire do outro lado da trama enquanto dorme a donzela com u...