terça-feira, 25 de outubro de 2022

Retalhos Imortais do SerAfim

  


Federika Bezerra A Porta Bandeira

Que BorTou Olivácio Doido

 

Em

mil novecentos e vinte e cinco

na noite de orgias satanazes

um raio de trovão incandescente

rachou a Igreja em Goytacazes

um vulto do despacho então desceu

movido por farol de grande luz

tocou na pedra quebrou cruz

a Rainha do Fogo dessa gente

 

Federika

de ouro azul e prata

na porta da igreja foi parida

criada pelo Padre Olivácio

que logo depois lançou na vida

aos cindo de idade encantada

foi pega masturbando em sacristia

por causa de um sonho com o príncipe

DuBoi da mais sagrada putaria

 

Expulsa

da cidade foi pra longe

cresceu entre os jardins de JardiNÒpolis

mas se você pergunta Froid Explica:

- o seu palácio agora é em Petrópolis

 

Aos

dezenove plena de alegria

conheceu Gigi da Bateria

na porta do Beco de Satã

na festa federal do Bar da Lama

a Deusa dos Lençóis de toda cama

sorrindo para ver como é que fica

dá um corte na história

inverte o drama

e transforma Ouro Preto em Vila Rica

 

e assim vamos cantar em verso e prosa

a saga dessa Deusa Iansã

que em busca da mordida na maçã

sonhava encontrar Guimarães Rosa

 

Viemos

do SerTão para os seus braços

porque a Mocidade Independente

é a mais fina e pura Flor do Lácio

afilhada do secular Padre Miguel

e fiel ao seu pai Padre Olivácio

 para completar a grande roda

trazemos o cacique Pau BraZil

o centenário Oswald de Andrade

filho da pailicéia que pariu!

 

Passando pelas bandas do Catete

dançando na maior intensidade

macumba com o índio brasileiro

nossa Ex-Cola campeã da liberdade

Federika engravidou o grafiteiro

do famoso cacete Samaral

que escrevia pelos muros da cidade:

Mocidade já ganhou o CArnaval!

 

e assim vamos cantar na grande roda

tudo o que deu e o que não deu

o dia que um pastor bem collorido

pensou ser pai de santo e se fudeu!

 

Federico Baudelaire

www.arturkabrunbco.blogspot.com


Fulinaíma MultiProjetos

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com

domingo, 16 de outubro de 2022

Geleia Geral - Revirando A Tropicália


Geleia Geral – Revirando A Tropicália

28 outubro ou nada - 2022 - 19h

Por onde andará Fulinaíma?

 

Elenco:

 

Artur Gomes + Adriano Moura + Aimèe Cisneiro + Aline Portilho + Christina Cruz + Joilson Bessa + Marcella Roza + Marcelo da Rosa + Serginho do Cavaco + Tchello d`Barros  




Mostra Visual de Poesia Brasileira

Poesia em Movimento

 

o delírio

é a lira do poeta

se o poeta não delira

sua lira não profeta

 

leia mais no blog https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


 

QUE PAÍS É ESTE?

Fragmento

 

Universidade Livre de Alvito

(Afonso Romano de Sant'Anna)

 

1

Uma coisa é um país,

outra um ajuntamento.

Uma coisa é um país,

outra um regimento.

Uma coisa é um país,

outra o confinamento.

 

Mas já soube datas, guerras, estátuas

usei caderno “Avante”

— e desfilei de tênis para o ditador.

Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”

e éramos maiores em tudo

— discursando rios e pretensão.

 

Uma coisa é um país,

outra um fingimento.

Uma coisa é um país,

outra um monumento.

Uma coisa é um país,

outra o aviltamento.

 

Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça

em busca da especiosa raiz? ou deveria

parar de ler jornais

e ler anais

como anal

animal

hiena patética

na merda nacional?

 

Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo

comendo o que as traças descomem

procurando

o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso

que nos impeliu a errar aqui?

 

Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos

nacionais, como qualquer santo barroco

a rebuscar

no mofo dos papiros, no bolor

das pias batismais, no bodum das vestes reais

a ver o que se salvou com o tempo

e ao mesmo tempo

– nos trai

 

2

Há 500 anos caçamos índios e operários,

há 500 anos queimamos árvores e hereges,

há 500 anos estupramos livros e mulheres,

há 500 anos sugamos negras e aluguéis.

Há 500 anos dizemos:

 

que o futuro a Deus pertence,

que Deus nasceu na Bahia,

que São Jorge é que é guerreiro,

que do amanhã ninguém sabe,

que conosco ninguém pode,

que quem não pode sacode.

 

Há 500 anos somos pretos de alma branca,

não somos nada violentos,

quem espera sempre alcança

e quem não chora não mama

ou quem tem padrinho vivo

não morre nunca pagão.

 

Há 500 anos propalamos:

este é o país do futuro,

antes tarde do que nunca,

mais vale quem Deus ajuda

e a Europa ainda se curva.

 

Há 500 anos

somos raposas verdes

colhendo uvas com os olhos,

semeamos promessa e vento

com tempestades na boca,

sonhamos a paz da Suécia

com suíças militares,

vendemos siris na estrada

e papagaios em Haia,

nada nada congemina:

a senzalamos casas-grandes

e sobradamos mocambos,

bebemos cachaça e brahma

joaquim silvério e derrama,

a polícia nos dispersa

e o futebol nos conclama,

cantamos salve-rainhas

e salve-se quem puder,

pois Jesus Cristo nos mata

num carnaval de mulatas.

 

Este é um país de síndicos em geral

este é um país de cínicos em geral

este é um país de civis e generais.

Este é o país do descontínuo

onde nada congemina

e somos índios perdidos

na eletrônica oficina

Nada nada congemina:

 

a mão leve do político

com nossa dura rotina,

o salário que nos come e

nossa sede canina,

e a esperança que emparedam

a nossa fé em ruína,

placidez desses santos

e a nossa dor peregrina,

e nesse mundo às avessas

– a cor da noite é obsclara

e a claridez, vespertina.




Fulinaíma MultiProjetos

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