sexta-feira, 8 de abril de 2022

A Nossa Casa É Um Teatro

 


A Nossa Casa É Um Teatro

Cena 3 - O questionamento

 

Luisa - Não sei de onde veio essa Anastácia. E por quê será que ela está morando aqui?

Sofia - Ainda mais que agora se convenceu que é Professora de História

Lara - Será que é nossa parente. É só pode ser, para morar na nessa casa só pode ser da nossa família!

Cry Baby - A minha mãe apaga a luz para eu dormir, e meu pai só vai dormir depois que a minha mãe apaga a luz, e com aquelas fotos todas do Flamengo na parede do corredor. quem sabe?

Cristal - Eu que não ponho a minha mão no fogo. Mas só quem pode nos responder mesmo é ela.

Mellanie - Mas ela não vai falar mesmo. Apareceu aqui por aquela porta. E não disse mais nada. Só que é professora de história.

Larissa - Mas que pode afirmar que é professora de história mesmo?

Mel - Estou achando que é golpe dela. Temos que ficar de olho

Max - Vocês já viram como ela fala estranho. Acho que ela não é daqui de São Francisco

Julia - Não.  daqui acho que é sim, esses dias encontrei com ela fazendo compras no supermercado

Luisa - Mas isso é ela quem diz. Quem pode provar que ela é mesmo?

Sofia - Eu não s sei de nada. Só sei que na parede do corredor tem umas fotos bem estranhas. Vocês já prestaram atenção em quem está atrás do meu pai naquela foto?

Cray Baby - Sabe que eu nunca tinha prestado atenção nisso.

Cristal - É por isso que eu acho que essa Anastácia tem um mistério e ela não quer nos contar.

Mel - Mas porque que ao invés de ficarmos discutindo aqui agente não pesquisa a vida dela?

Max - Vamos no google, e colocamos  Anastácia professora de história pra ver se descobrimos algo.

Julia - Tive uma ideia porque não pesquisamos aqui na Escola mesmo? Quem sabe ela não é uma impostora se passando por professora de história?

Mellanie - Então só temos uma saída vamos perguntar a ela, por quê?  e como ela veio parar aqui.

 corta para a Cena 4 - ...

 


Teatro do Absurdo

cena para um casal de atores.

 

Vagner - Clarice!

Clarice - o que é Vagner

Vagner - o que tanto lê aí nesse estranho livro?

Clarice - é sobre a possibilidade de uma invasão cibernética que vai acontecer em 2022

Vagner - Pirou?

Clarice - não é o que o cientista está dizendo aqui?

Vagner - qual é o nome dele?

Clarice - Federico Baudelaire

Vagner - claro só podia ser ele , esse cara é louco!

Clarice - mas  o que ele está dizendo aqui tem lógica

Vagner - bebeu?

Clarice - Água

Vagner - pelo jeito acho que não foi água não

Clarice - está duvidando de mim?

Vagner - claro que duvido. nem te conheço direito, e você passa o tempo todo enfiada nesse livro, escrito por um maluco, que acha que vamos ter invasão cibernética, como não vou duvidar?

Clarice - mas você devia acreditar, tudo leva a crer que esta invasão pode acontecer mesmo.

Vagner - Só porque você quer. acho que seus neurônios já não estão funcionando muito bem não.

Clarice - você é um ateu não acredita em nada

Vagner - eu acredito em muita coisa, mas não posso acreditar num absurdo desses

Clarice - só porque é cego

Vagner - se fosse cego não estaria te vendo aí.

Clarice - como está me vendo?

Vagner - com os olhos

Clarice - não foi isso que perguntei

Vagner - como perguntou então?

Clarice - de que maneira está me vendo, feia, bonita, linda, elegante.

Vagner - não tem espelho não?

Clarice - mal educado!

Vagner - não se trata de educação, é uma questão de ponto de vista.

Clarice - mas não respondeu minha pergunta!

Vagner - você se acha!

Clarice - há muito tempo, desde que me olhei a primeira vez no espelho

Vagner - deve ser por isso que acredita em invasão cibernética

Clarice - Vamos mudar de assunto, porque já está m torrando o saco essa sua conversa

Vagner - mudar pra quê?

Clarice - vou tomar um banho para ir ao super mercado

Vagner - quanta vaidade! precisa tomar banho para ir ao super mercado?

Clarice - questão de higiene meu caro!

Vagner - boa viagem...

 

Clarice sai e deixa Vagner falando sozinho...


Teatro do Absurdo 10

cena para 3 atores numa discussão Absurda sobre os fenômenos naturais que acontecem no momento

 

Dalmo - vocês viram o que aconteceu ontem em Martinópolis?

Dagoberto - primeiro me explica onde é essa tal de Martinópolis

Edmilson - aí complicou Dagoberto, porque a coisa mais difícil é Dalmo explicar alguma coisa e nos fazer entender a sua explicação

Dalmo - nem vem Edmilson, porque quando eu digo haicai vocês entendem Hai-sobe  porque querem. Eu só estou querendo saber se vocês sabem o que aconteceu ontem

Dagoberto - ontem aconteceram tantas coisas

Dalmo - mas quero saber se vocês sabem o que aconteceu com o vento em Martinópolis

Edmilson - Se  foi no cemitério tenho uma ligeira impressão que Alê Miranda viu, mas Monica Brandão me disse que não foi bem assim. Quem pode saber mesmo é a Carol Maggi com precisão.

Dagoberto - tinha uma fotografia no jornal de Ribeirão mas não dava pra ver direito a impressão estava muito imprecisa

Dalmo - mas não desviem o assunto para outro rumo, porque não foi nada disso que perguntei, afinal Martinópolis, é uma pequena mistura de Marte com Jardinópolis ou não é?

Edmilson - o vento tirou o disco voador do lugar?

Dagoberto - não foi bem assim. dizem que só Newton Reis seria capaz de explicar, de  que lado veio o vento.

Dalmo - se tirou o disco voador do lugar, não sei bem, mas que fez um estrago na crença isso fez.

Edmilson - mas o que tem a ver vento com crença?

Dagoberto - é que como o disco voador estava na porta do cemitério e agora não está mais, estão dizendo em Martinópolis que ele veio trazer algumas almas de volta.

Dalmo - besteira porque o cachorro do Bispo continua comendo a mesma lingüiça que comia no Bar do Chico

Edmilson - Mas Bispo que tem cachorro é no Auto da Compadecida

Dagoberto - mas em Martinópolis até padre trem

Dalmo - tem vento ventania missa do purgatório e missa da sacristia, com vento ou sem vento tudo em Martinópolis gira em torno do mistério da santíssima castidade.

Edmilson - quem sabe o disco-voador não vira um cata-vento?

Dalmo - não sei se será possível essas transações científicas por lá não, porque o vento deu de levantar até telhados de vidro na estrada que liga Martinópolis a Batatais

Dagoberto - Mas não foi nada disso que a Juliana me contou sobre a invenção da Vila Reis

Edmilson - Pelo que soube o vento está levando gente da vila operária direto para os cofres do disco-voador. E nem foi Elias Jabur que escreveu a última carta que Ricardo Pereira Lima publicou como vestígios da ventania que passou por Altinópolis enrolada pelos lençóis de Batatais.

Dalmo - De |Batatais só me lembro de um homem que era um homem nas barbas de um lobisomem. 

Dagoberto - mas sobre o vento mesmo ninguém decifrou a mensagem cifrada na porta do Baruk

Edmilson - Alê Miranda me falou que seria um anagrama com multi-possibilidades de significado, depende do dia e do lado que o vento vem.

Dalmo - mas se for no dia que o vento ao invés de vir vai?

Dagoberto - não importa.  o vento vem e vai

Edmilson - mas quando ele vem levanta e quando vai?

Dalmo - abaixa

Dagoberto - certo dia em Martinópolis o cachorro do Bispo levantou e não tinha vento algum

Edmilson - eu já falei que Bispo que tem cachorro é no Auto da Compadecida

Dalmo - mas no baixo também tem uns ventos que não respeita nada, nem desejo de mulher grávida.

Dagoberto - o do Padre está morrendo de fome, oh!  Padre pão duro!

Edmilson - se fosse do Major ele dava, mas como é do Capitão ele deixa morrer de fome, como faz com as pessoas da Vila Reis, que nem vento tem para comer

Dalmo - é, vento vai e vento vem, e tudo na mesma em Martinópolis, as antenas nos telhados de quem tem, o disco-voador passeando pra lá e prá cá, o cachorro de Newton Reis comendo lingüiça no Bar do Chico, e o povo pasmo de boca aberta esperando a morte chegar.

Edmilson -  hóstia não mata fome, nem enche barriga. vento não dá comida. então vamos deixar o vento,  antes que o disco-voador decole e nos leve para Marte ou traga de Marte um outro Newton Reis com sua lábia de novo, para distrair o povo com os mistérios do lugar 




Teatro do Absurdo 11

cena 3 mulheres à beira de um ataque de nervos

 

Marisa está  na ponta de uma mesa olhando para o fundo de uma caneta vazia como se olhasse no Espelho

Marlise está na outra ponta da mesa com um prato cheio de carne

Dadete - está num canto da cozinha com uma vassoura varrendo o chão

Marisa - meu manto. meu manto! (olhando no fundo da caneta) você viu meu manto meu gato? Isso é coisa do Saraiva, mim mesma acha que um Bispo do Rosário baixou por aqui

Marlise - danou-se tem gente que enlouquece e vive falando sozinha

Dadete - ainda se fosse e falasse a língua dos homens, no Rio Grande estão comendo até cachorro de Bispo

Marisa - não sou profeta mas tenho premonições, previ que os chineses iriam descobrir a pólvora e fabricar papel

Marlise - vai dizer também que previu que eu iria ser gordinha?

Marisa - Claro comendo carne desse jeito, não poderia star de outra forma

Dadete - no Rio Grande come-se até as Dunas

Marisa - ainda se fosse as do Barato vá lá. Mas comer areai branca ninguém  merece

Marlise- eu como o que posso, e o que não posso deixo pra lá. No outro Rio Grande tem um ditado que diz que cada um come o que tem.

Dadete- o corpo, pronto eu como o corpo, e não deixo nada pro vento, as dunas são testemunhas do quanto eu gosto de comer o corpo

Marisa - mim mesma não está comendo nada, nem Edmilson na feira de São Cristóvão. Aliás, mim mesma tem andado de dieta pra lua, só bebe água e cheira vento

Marlise - cruzes! se eu fizesse isso desmaiava na primeira tempestade de areia.

Dadete- claro, nunca vi gostar tanto de boi. cuidad0 boi demais pode dar febre suína

Marisa - essa não Dadete, como comer boi pode dar febre suína?

Dadete - no Rio Grande nas dunas teve um caso dessa na praia do Peró. A mulher do delegado comeu um boi e acordou roncando que nem uma porca.

Marlise - No Arraial do Cabo também aconteceu, porque lá tem a mesma praia do Peró, ecom a mesma mulher do delegado aconteceu a mesma coisa.

Marisa - bem que mim mesma  previu, que coincidências acontecem não por meras semelhanças, mas por falta de marido mesmo

Dadete - ô mim mesma, o que tem uma coisa a ver com falta de marido?

Marisa - Claro que tem, mim mesma mesmo me disse quando me viu jogada no chão: - quando nasci um anjo torto veio ler a minha mão!

Marlise - mim mesma é cartomante!?

Dadete- não ela joga búzios e lê a sorte em cartas de tarô!

Marisa - nada disso, mim mesma é chegada a uma borra de café. No fundo da xícara ela lê tudo o que já aconteceu e o que virá a acontecer com milênios de antecedência

Marlise - e o vento leva?

Dadete - o vento sempre me leva pro outro lado, mesmo que eu nem queira atravessar o outro corpo que me prende nesse lado da cozinha

Marisa - com mim mesma, é quase assim também, dia desses quero ser uma grande menina de Londres, para badalar o Big Ben

Marlise - coitada , tá mais pra menina da Pavuna

Dadete - você não sabe de nada Marlise. Mim mesma tem uma coisa muito estranha, na outra vez que nos encontramos em carnaval dos copos, ela me disse que tinha jantado Ronaldo Werneck na cachaçaria.

Marisa - mas isso já faz tempo. passou, e me deu um enjôo daquele pensei até que tinha engravidado!

Marlise - e Ademir soube disso?

Marisa - Uai! e porque ele teria de saber?

Dadete - claro que sim, ele tinha que saber, pois não é ele que te leva pra Cachaçaria?

Marisa - me leva mas me larga lá entregue a fome, se eu não me virar com o que tem morro de desejo. Mim mesma sempre me disse: - em momentos como esse não se apavore nem tenha ataque de nervos, se vira como pode. - eu que não sou besta não deixo o vento passar despercebido, me agarro em suas crinas e meto os dentes nele.

 Marlise- comer vento? coisa de mim mesma mesmo. Não tivesse eu umas carninhas sempre a disposição, minhas gordurinhas desapareciam todas num piscar de olhos.

Dadete - é por isso que no Rio Grande está desaparecendo  vento. Quando consegue passar por lá mim mesma estraçalha tudo

Marisa - mas também não é bem assim, tudo tem seu vento certo, e os nervos só se acalmam com umas dentadas bem dadas no lado esquerdo da tempestade quando a ventania passa...

- do outro lado da casa ouve-se um grito: Mim mesma! - as 3 mulheres se desfazem num segundo e desaparecem no vento

 



 

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