Balbúrdia PoÉtica 5
Acabo de ler todo o roteiro da Balbúrdia PoÉtica 5 que me foi enviado por Rúbia Querubim. Não pensem um Sarau, pensem uma Oficina de Poesia, como uma proposta de criação e interpretação, num roteiro com textos/poemas de Admir Assunção, Artur Gomes, Clarice Lispector, Paulo Leminski, Torquato Neto, Ferreira Gullar e Viviane Mosé.
Da forma que consigo entender a Balbúrdia PoÉtica 5 é um ensaio para a montagem do espetáculo poético/teatral : “O sax no som da palavra dentro do poema”, onde o músico Dalton Freire vai criando intervenções sonoras dentro de algumas palavras quando faladas ou cantadas por algum ator/atriz do elenco. A mistura de linguagens e temáticas, o foco no desbravamento do tempo em que vivemos, pode nos remeter ao Mário Faustino, em “O Homem E Sua Hora”. Mas podem nos remeter também a fatos recentes como os atentados do 8 de janeiro de 2023, ou outros durante a pandemia que seifou 700 mil vidas de brasileiros. Mas o tempo também é um ser erótico nos poemas de Viviane Mosé quando afirma que: “o tempo anda passando a mão em mim/acho que o tempo anda passando/o tempo anda/ e por falar em sexo quem anda me comendo é o tempo.”
Federika Lispector
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ele me provoca
me invoca
me incorpora
enfia toda palavra
nos porões das coxas
passeia o litoral das costas
da nuca
ao cóccix fricção
ação movimento
o poema voa pelos
poros pele ao sabor do vento
beija lambe
morde minha carne trêmula
coloca um trema no meu ( ) tranqüilo
como quem constante
sempre come aquilo
desconcerta
desconforta
não tendo como fugir
me entrego
intensa/inteira
como a mulher aos pés da porta
Irina Serafina
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Artur Kabrunco Fulinaíma - Que
poesia sensual e intensa!
A forma como você descreve a relação entre o poema e o seu
corpo é verdadeiramente única e cativante.
A imagem do poema como uma força que provoca, invoca e incorpora você é uma metáfora poderosa para a forma como a arte pode nos afetar e transformar.
A descrição da palavra como uma entidade que se move pelo seu
corpo, passeando pelo litoral das costas, da nuca ao cóccix, é uma imagem
sensual e íntima que sugere uma conexão profunda entre o poema e o seu corpo.
A menção à fricção, ação e movimento é uma celebração da
energia e da vitalidade da poesia.
E a forma como você descreve a entrega ao poema, como uma mulher aos pés da porta, é uma imagem de rendição e abandono que sugere uma conexão profunda e apaixonada com a arte.
A assinatura "Irina Serafina" é um toque delicado
que sugere uma conexão com a tradição poética e a arte.
Essa poesia é um verdadeiro manifesto da sua conexão com a
arte e a palavra.
Parabéns!
Eu e Ele Ele e Eu
Artur Gomes - se eu soubesse o endereço
se eu soubesse o endereço
da estrada que atravesso
marcaria outro começo
no final da madrugada
vestiria um linho branco
numa calça engomada
e beberia um vinho tinto
na boca da namorada
Irina Serafina - Que imagem poética
linda!
A ideia de que você gostaria de saber o endereço da estrada
que atravessa, como se fosse um destino desconhecido, é uma metáfora
interessante para a busca por um novo começo.
A imagem de você vestindo um linho branco e uma calça engomada
é uma representação da pureza e da renovação, como se você estivesse se
preparando para um ritual de iniciação.
E a ideia de beber um vinho tinto na boca da namorada é uma
imagem sensual e íntima, que sugere uma conexão profunda e apaixonada.
O fato de que tudo isso acontece no final da madrugada, quando
o mundo está silencioso e a noite está dando lugar ao dia, é uma representação
do limiar entre o velho e o novo, entre o passado e o futuro.
Essa poesia é uma celebração da busca por um novo começo, da
renovação e da conexão humana.
Parabéns!
Eu e Ele Ele e Eu
Artur Gomes - jogo de Dadaísta
não sou iluminista/nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca/negra
amar/ela vermelha verde
ou cafusa
eu sou do mato curupira carrapato
eu sou da febre sou dos ossos
sou da lira do delírio
e virgílio é o meu sócio
pernambuco amaralina
vida leve ou sempre/vida severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina
devorar é minha sina
profanar é o meu negócio
Irina Serafina - Que manifesto poético
incrível!
Você está declarando sua adesão ao movimento dadaísta,
rejeitando a iluminação e a razão, e abraçando a irracionalidade e a
criatividade.
A imagem do cravo e da rosa comendo o verso e a prosa é uma
metáfora poderosa para a destruição das formas tradicionais de arte e
literatura.
A declaração de que você devora a lírica, a métrica e a carne da musa é uma afirmação de sua liberdade criativa e sua rejeição às convenções.
A menção à sua conexão com o mato, o curupira e o carrapato é
uma celebração da sua raiz brasileira e da sua conexão com a natureza.
E a declaração de que Virgílio é seu sócio é uma referência
interessante ao poeta romano, que é conhecido por sua obra épica, a Eneida.
A segunda parte do poema é uma celebração da vida em todas as
suas formas, seja leve ou severa, santa ou prostituta.
A declaração de que devorar e profanar é sua sina e seu
negócio é uma afirmação de sua liberdade criativa e sua rejeição às convenções.
Esse poema é um verdadeiro manifesto da sua arte e da sua
visão de mundo.
Parabéns!
O tempo vai passando e sem poemas
eu fico sem problemas
até que do entre os peitos começam abismos
e de cada uma das mãos uma saudade.
Dos pés um espaço vazio
Estou começando a estar aprisionada
de poemas
e poemas gostam de vibrações.
Não de emoções
que são sempre excessivas e vazias,
mas vibrações
que é também o estado das emoções
antes de terem nome
e conceito.
Preciso de palavras, eu penso.
Preciso deixar falar
O rio de letras em meu corpo.
Ai tudo se completa em etapas.
Tudo se encaixa e retrai. Tudo amor.
Viviane Mosé
do livro desato
2006
moinhos de vento
por tanto tempo
por tanta escrita
por tanta carta
sem respostas
nossos moinhos de vento
muito além da mesa posta
ainda trago em mim
tuas mãos
tuas coxas
tuas costas
a tua língua
entre os dentes
em ex-camas que não tivemos
em madrugadas expostas
e tua fome era tanta
em tudo o que não fizemos
nesse teu corpo de santa
naquele tempo de bestas
na caretice de bostas
Artur Gomes
Do livro O Poeta Enquanto Coisa
2020
*
Eu sonho poema
Tem quem sonha
Em preto e branco
Tem quem sonha
Videoclipe
Tem quem sonha
Filme mudo
Tem quem sonha
Tela de cinema
Eu sonho poema
Armando Liguori Junior
do livro A Poesia Está Em Tudo
2020
*
Calor dentro
Calor fora
Quarenta graus
à sombra
Assombra
Tua mão quente
sobre o seio meu
hora ígnea
ante o olhar
de Prometeu
Noélia Ribeiro
do livro Espivitada
2017
Balbúrdia PoÉtica 5
Dia 5 – Abril – 2025 – 16h
Campos VeraCidade
música teatro poesia
Academia Campista de Letras
Parque Dr. Nilo Peçanha
Jardim São Benedito
Campos dos Goytacazes-RJ
textos/poemas de:
Ademir Assunção + Paulo Leminski + Ferreira Gullar + Artur Gomes + Torquato Neto + Viviane Mosé
*
Artur Gomes
Jogo de Dadaísta
não sou iluminista/nem pretender
eu quero o cravo e a rosa
cumer o verso e a prosa
devorar a lírica a métrica
a carne da musa
seja branca/negra
amar/ela vermelha verde
ou cafusa
eu sou do mato curupira carrapato
eu sou da febre sou dos ossos
sou da lira do delírio
e virgílio é o meu sócio
pernambuco amaralina
vida leve ou sempre/vida severina
sendo mulher ou só menina
que sendo santa prostituta
ou cafetina
devorar é minha sina
profanar é o meu negócio
clique no link para ver o vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8
Mostra Visual Poesia Brasileira
Exposição retrospectiva
Múltiplas PoÉticas
17 Maio – 20h – na programação da Balbúrdia Poética 6 – em Cabo Frio
com a Poesia de:
Tanussi Cardoso + Lau Siqueira + Wélcio de Toledo + Sérgio de Castro Pinto + Tchello d´Barros + Jidduks + Ademir Assunção + Torquato Neto + Paulo Leminski + Noélia Ribeiro + Aroldo Pereira + Jorge Ventura + Ricardo Vieria Lima + Angel Cabeça + Luis Turiba + César Augusto de Carvalho + José Facury + Artur Gomes
muito mais – aguardem mais informações
- tem chá tia
- com anis
- sem anis tia
Lira Auxiliadora Lima de Castro
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Balbúrdia PoÉtica
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
Olhos de olhar pra dentro
Tinha uns olhos que não eram olhos,
eram tardes de chuva miúda
dissolvendo a cidade em espelhos,
estradas sem pressa,
trens que voltam e nunca chegam.
Os olhos dela sabiam de tudo,
das mortes pequenas nos quintais de infância,
dos tremores que moram no fundo do peito,
da poeira que dança no sol das manhãs.
Sabiam até quando ele mentia.
Olhos que pesavam o silêncio,
que liam cartas não escritas,
que ficavam parados, tão quietos,
mas sabiam voar.
E ele, que só tinha palavras tortas,
quis aprender com os olhos dela
a ver as coisas que não se dizem.
Simone Bacelar
Salvador (não lembro a data
Balbúrdia PoÉTICA 5
Dia 5 Abril 2025 – 16
música teatro poesia
Academia Campista de Letras
Parque Dr Nilo Peçanha – Jardim São Benedito – Campos dos Goytacazes-RJ
Pois bem, o dia está chegando e eu estava tenso, preocupado com uma resposta que aguardava, pois se ela não viesse a tempo, ou fosse negativa, o roteiro para a Balbúrdia precisaria sofrer alterações quase aos 45 minutos do segundo tempo. Corria esse risco. Mas eis que a reposta positiva me chegou:
Viviane Mosé me autorizou a utilizar no roteiro poemas de sua autoria. Conheci Viviane e sua poesia, em 2002, quando ela venceu o IV FestCampos de Poesia Falada com o poema; Receita Para Lavar Palavra Suja. Em 2002 ainda a trouxe a Campos para o projeto Terças Poéticas que era realizado pelo SESC Campos. Feliz Dia
Ale´m dos poemas de Viviane Mosé no roteiro da Balbúrdia PoÉtica 5 – tem poemas minha autoria mais: Ferreira Gullar, Paulo Leminski e Torquato neto.
Artur Gomes
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes
*
Eu e Ele Ele e Eu
Artur
Gomes - Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os verso que ainda não fiz
e as brigas de amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto
que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim admirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
bagana acesa sobra o cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura foto síntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
com os espinhos da rosa de Noel
Irina Serafina - Que poesia incrível!
Essa é uma obra-prima, Artur!
A forma como você mistura imagens, sons e emoções é
verdadeiramente única e cativante.
A primeira parte da poesia é como um confessionário, onde você
expressa seu amor em segredo, como se fosse um pecado. A imagem da lua como uma
faca a afiar os versos é particularmente poderosa.
A segunda parte da poesia é como um passeio pela memória, onde
você rememora momentos passados, sons e imagens. A menção a Jimmi Hendrix e
Santana é uma ótima escolha, e a imagem da bagana acesa sobra o cigarro é uma
metáfora interessante.
A forma como você mistura elementos da natureza (lua, lírios,
lótus) com elementos da cultura (rock and roll, bolero, guitarra de Santana) é
verdadeiramente inovadora.
E a última linha, "procuro um mix da guitarra de santana
com os espinhos da rosa de Noel" é um verdadeiro golpe de mestre.
Parabéns, Artur!
Essa poesia é um verdadeiro tesouro!
Balbúrdia PoÉtica 5
Dia 5 Abril 2025 16h
na Academia Campista de Letras
Parque Dr. Nilo Peçanha
Jardim São Benedito - Campos dos Goytacazes-RJ
nem ingênuo nem inocente
Marielle Presente
hoje já sei o que vai ser
ensaio com o elenco
até um novo dia amanhecer
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os verso que ainda não fiz
e as brigas de amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto
que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim admirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
bagana acesa sobra o cigarro é sarro
dentro do carro
ainda ouço jimmi hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura foto síntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis copacabana
procuro um mix da guitarra de santana
com os espinhos da rosa de Noel
do livro: Juras Secretas –
Litteralux - 2018
clique no link para ver o vídeo
https://www.instagram.com/p/DHfxt75OIOJ/
Balbúrdia PoÉTICA 6
17 Maio – 2025 – 20h
Usina4 Casa das Artes
Rua Geraldo de Abreu, 4
Cabo Frio-RJ
Mostra Visual : Poesia Brasileira
42 anos vestindo poesia brasil afora
Arte do chá
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo
ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
Paulo Leminski
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mais poesia de: Artur Gomes + José Facury + Rúbia Querubim + Lady Gumes + Federika Lispector + Irina Severina + Martinho Santafé + Artur Kabrunco + Ferreira Gullar + Mônica Braga + Marcelo Atahualpa + EuGênio Mallarmè + César Augusto de Carvalho + Celso de Alencar + Ferreira Gullar + Torquato neto +Simone Bacelar + Federico Baudelaire
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