tudo assim como se fosse
como se fosse pau
como se fosse pó
como se fosse pedra
como se fosse pólvora
em alguma língua mal dita
tudo na vida fosse agora
fosse tudo palavra bem dita
e fedra não me apavora
Irina Serafina
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sede dos meus olhos
poema de Artur Gomes
do livro Suor & Cio
musicado e gravado por Paulo Ciranda
carinhosamente
bebo os olhos teus
pra matar a sede
e aflição dos meus
toda água desse rio
beberia eternamente
pois a minha sede
não se mata de repente
é paixão que não tem hora
pra poder chegar
barco que vai embora
sem saber voltar
navegando mar inteiro
vales rios velas cais
pois a sede dos meus olhos
não se mata nunca mais
clique no link para ver o vídeo
em Bento Gonçalves Rio Grande do Sul de 1996 a 2016 era realizado o Congresso Brasileiro de Poesia, onde todos os cantos e recantos da cidade por uma semana eram vestidos de poesia, praças, ruas, hospitais, manicômio e principalmente as Escolas.
poema atávico
e se a gente se amasse uma vez só a tarde ainda arde primavera tanta nesse outubro quanto de manhãs tão cinzas nesse momento em Bento Gonçalves Mauri Menegotto termina de lapidar mais uma pedra tem seus olhos no brilho da escultura confesso tenho andado meio triste na geografia da distância esse poema atávico tem a cor da tua pele a carne sob os lençóis onde meus dedos ainda não nasceram algum deus anda me pregando peças num lance de dados mallarmaicos comovido ainda te procuro em palavras aramaicas e a pele dos meus olhos anda perdida em teu vestido
Artur Gomes
Diretor do Departamento Audiovisual
Do Proyecto Cultural Sur Brasil
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
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poema a(r)mado
todo os dias
capino a esperança
escavando outras palavras
no chão desse quintal
e quando escrevo
com enxada
o poema é mais real
Artur Gomes
Poema do livro Pátria A9r)mada
2ª Edição – Desconcertos Editora – 2022 – Prêmio Oswald de Andrade- UBE-Rio – 2020
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cacomanga
na roça desde cedo comecei a escavar palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca mais
Artur Gomes
Poema do livro Pátria A9r)mada
2ª Edição – Desconcertos Editora – 2022 – Prêmio Oswald de Andrade- UBE-Rio – 2020
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Afrodite
para a nova Pimenta do Reino
eu falo eu fauno eu fumo
na espuma dos mares
de Zeus ou Vulcano
nos cornos do americano
na pele clara da gema
nas brumas de Ipanema
ou nas Dunas do Barato
na era Atenas me disse
pra Hera nunca dissemos
em grego a deusa do amor
em romano mamilo de Vênus
também a irmã de Helena
que a um outro rei Prometeu
provocando a ira em Menelau
quando soube que Páris sou Eu
Dioniso das festas de Baco
do vinho dos ritos das juras
Afrodite em mim criatura
Bacante que o cosmo me deu
a puta da ilha de Creta
mulher quando o vinho é na cama
a que sabe beber do que ama
sem pensar no que Cronos secreta
Artur Gomes
Poema do livro
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penaçux – 2020
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