quando aportei pela primeira vez em porto seguro não vi o porto
era um bravio mar em tempestades na rua 24 horas ele me deu o primeiro beijo pensando
eu fosse sereia em nossa primeira transa
na areia
não sou de dar sopa pra bandido muito menos luz a cego mas não nego meu dadaísmo explícito quando sexo o
complexo que cada um carrega não é comigo o nó da culpa do pecado capital a
muito desatei do meu umbigo
Irina
Severina
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serAfim 11 – irina serafina januária vascaína
irina serafina
quem quiser
que me defina
menina oxum
é por você que me deleito
só por você que me deliro
do lado esquerdo do peito
é por você que me trans-piro
por tudo que foi secreto
por tudo que é sagrado
por quanto já foi escrito
ou ainda não falado
na pedra itapemirim
na pedra de itaocara
guapimirim curumim
guarapari guanabara
em toda água seus mitos
tua flor de lótus tão rara
menina oxum infinito
minha folha verde bonsai
na-mora dentro de mim
de dentro de mim não sai
freudelírica
certa vez
em santa maria madalena
conheci helena
nem de triunfo nem de tróia
no pescoço não levava jóia
apenas um saco de ratos
com os trapos que eram teus
fez de mim gato e sapato
por entre as montanhas de zeus
*
certa vez em vila velha na vitória do espírito santo trepei no bonde no centro histórico da cidade velha enquanto andra mirava seus olhos sobre os meus entretanto no entanto nada me disse em seu silêncio de tanto de tanto dizer tanto no trem um tanto no centro um encanto metafórico no trem do engenho de dentro
*
da cana
o açúcar
o melado
a rapa dura
o chuvisco da gema do ovo
e a minha língua sacana
bagunçando a ditadura
falando a língua do povo
fosse apenas uma palavra reta carinho afeto e uma que ainda falta nesse novo alfabeto que procuro tateio no escuro outras palavras signos signi ficar signi ficando signi ficado na hipotemusa do quadrado do cateto no silêncio que muitas vezes ouvi da flauta do hermeto nas trinta e cinco pausas de renata persigo a trilha em movimento pés descalços sobre a mata e as palavras brotam cachoeiras água corrente vem da fonte como sementes desejadas de brotar
a flor do mangue
para cristina bezerra
um dia em gargaú
atravesso para o pontal
onde o paraíba beija atlântico
num ato transexual
outro dia na barra
onde o itabapoana
é quem beija o lixo atlântico
penso quântico caranguejo
é o beijo do desprezo
são francisco não me engana
sagaranagens que faz comigo
eu procuro a flor do mangue
no litoral do teu umbigo
*
marcabra perambulava ainda as tontas pelo mar vermelho procurando por carlitos argentino (o criador dos moranguinhos) vomitava marimbondos depois que assistiu pelas ruas assombradadas de campos ex-dos goytacazes as mirabolantes peripécias de lady tempestade desnudando coronéis e lobisomens com suas rajadas de vento confesso que não invento a hipocrisia dos homens
*
lady tempestade a freudelírica satiriza macabea no presídio federal de brazilírica interpretando luz del fuego no festival internacional das artes cínicas com uma serpente de cobre no pescoço
serafina macunaímica
ontem disse que me amava
queria até transar comigo
hoje foge de mim
tranca a tranca do umbigo
fecha a porta entre as coxas
ela sabe que me deixa louca
e adora provocação
mas vou buscar no cu do mundo
sua libido o seu tesão
dialogando com o mestre
o poema pode ser
um trem fora do trilho
a ponte que caiu
a mulher que não deu filho
ou a pedra que pariu
domingo
mar de barco
mar de pele
mar de peixes
mar de algas
como um poema de olga
onda de sal nas minhas mágoas
como sua pele de mel
com sua pele de água
*
rasguei as velas
que teci em tempestades
rompi as noites
em alto mar de maresias
pensei teu corpo
pra amenizar tanta saudade
e vi teus olhos em cada vela que tecia
*
o poema as vezes é sabre
lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia
cidade voracidade
ainda ontem queria te ver mas não pude – cidade rude oculta atrás do espelho do outro lado da calçada não decifrei teu mapa muito menos cais da lapa onde queria mergulhar teu rio desbravar teu cio para depois dormir
*
até onde
teus segredos me aceitam?
até quando
teus mistérios me pertencem?
até onde
teus silêncios tem meus gritos?
quando me deixas assim aflita
perco o chão por onde pisa
por onde teu pé desliza
que não sei quando ele está
e se perco teus pés de mim
por onde vou caminhar?
*
se ela vier
no frescor da maresia
lhe darei milhões de beijos
antes do amanhecer
de um novo dia
e do corpo que comer
a carne
espalharei tabacaria
*
moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como um beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou metafísica
tudo que em mim não há respostas
metáfora d´alkimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele sobre as tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e do corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo
em todas minhas partes
concretas abstratas
o amor sempre retrata
todo espelho que vivi
mariana
gaivotas sobrevoam os cílios da lagoa teus cabelos louros espelham sal na lâmina d´água o mar – complemento do teu nome naquela noite de música mágica – quando vozes da áfrica saltaram da garganta canto de todos os povos no verde da mata luzes na flor da pele líquida cerveja na sede que não cessa éramos mais que tímpanos absortos naquele espaço templo com os olhos famintos devorando luas na constelação de orions como uma flor de cactos sobre um chão de estrelas
meta morfose
muitas vezes no instante uma mulher por perto noutras meio distante como alcançá-la plena pele pluma palavra carne sal água de mar mesmo fosse água de rio se o que gosta é tempestade só sabe amar por inteiro meu eu perdido em sua fala
*
sou uma mulher da vida irina severina januária vascaína uso a minha arma branca pra enfrentar a tirania transo em qualquer rua de qualquer esquina qualquer encruzilhada de qualquer lua com jorge de ogum federico de oxum mallarmè de yansã não sou pagã fui batizada na igreja universal do reino de zeus nasci em ouro preto vila rica sou filha de deus irmã de federika
*
são fransciso um cisco risco de mergulhar no precipício saltar o muro na porta do hospício risco traço de palavras tortas palavra que não dizem nada risco de perder a curva e seguir a linha reta medo é uma forma concreta de agarrar o abstrato
por enquanto vou te amar assim sem segredo admirando o teu retrato
o tempo tem seu avesso
para Prata Tavares in memória
cidade quando penso nela lembro nossas angústias dormem em camas de ferro madeira ou palha nossas palavras também são foices facões ou car/navalhas nossos poemas estiletes canivetes para rasgarem o pano de luxo das mortalhas nossas mágoas lavamos nas águas do paraíba enquanto eles que pensaram serem donos da cidade incineraram corpos na usina cambaíba
*
esta noite me preparo para o sagrado de amanhã alguma coisa me diz alguma coisa me conta que vamos nos fartar de carne humana num banquete antropofágico algum acidente trágico pode estar pra acontecer alguma força simbólica entre nós assim pressinto com a química do absinto caldeirão da alquimia como nas noites da cacomanga preparava minha tia alguma bruxa quem sabe em campos dos goytacazes está pronta pra atacar ou quem sabe pastor de andrade é quem vai nos apresentar
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Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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